Uma explosão em corpo e ideias, público e palco. Canto Cego começou em 2010 seu percurso pelo Rio de Janeiro, passando por espaços intensos como o Circo Voador, Imperator, Arena Dicró, Studio RJ e Sérgio Porto. Na certeza de fortalecer essas redes de afetos em cada composição, a banda gradualmente expande sua rotina urbana levando para seus shows uma poesia e um rock um tanto quanto aflitos.
1-Como surgiu a banda, e qual a vertente? Há quanto tempo estão na estrada?
Começamos os primeiro ensaios na Favela da Maré em 2010. Já se vão 6 anos! Na época a formação era diferente, mas termos começado num espaço tão cheio de histórias batizou a banda e selou nosso compromisso com um discurso reflexivo e social.
2-Todos os integrantes são os mesmos desde o inicio do grupo?
Não. Passamos por várias mudanças. Mas eu (Roberta) e Magrão sempre nos mantivemos. Trocamos de baterista algumas vezes e de guitarrista uma vez. Há três anos temos a mesma formação, o que foi essencial pra dar uma cara mais sólida ao nosso trabalho.
3-De onde vieram?
Cada um de nós tem uma história bem diferente. A Ruth nasceu e cresceu na Maré. O Rodrigo cresceu no Complexo do Alemão, e hoje mora em Piedade. O Magrão em Santa Cruz, e hoje moramos em Ramos. Eu nasci em Fortaleza, mas cresci em Maricá (aqui no Rio de Janeiro) e depois vim pra capital fazer faculdade. Mas o interessante é que nos conhecemos através da música. Nenhum de nós se conhecia tanto antes da banda, e isso de certa traz pluralidade pro nosso som.
4-Conta um vexame que passou em algum show?
Vexames acontecem a todo momento (risos). Mas eu por exemplo já esbarrei num retorno e cai no meio do show, o Rodrigo caiu num degrau no momento de receber um prêmio de um Festival. Já paramos um show pra pedir baqueta emprestada porque a Ruth quebrou todas. Coisas da estrada, mas que esperamos que nunca se repita.
5-O que foi mais difícil que tiveram que enfrentar com a banda?
Uma vez participamos de um festival e só compramos a passagem de ida, apostando que se ganhássemos a menor colocação já íamos conseguir o dinheiro pra voltar. Ficamos na maior aflição para saber se iríamos conseguir voltar. Por sorte deu tudo certo e conquistamos o primeiro lugar no Festival (Planeta Rock, 2014). Mas se não tivéssemos passado nas seleções estaríamos lá até hoje.
6-Qual a canção da banda q mais gostam?
É uma pergunta difícil. Cada um gosta mais de uma. Mas acho que temos um amor unânime pela música “A Fúria”.
7-Quantos shows fazem por mês? Qual foi o show mais marcante?
Por volta de 2 a 3 shows por mês. Com certeza o show mais marcante foi quando estivemos no Festival de Montreux (na Suíça), foi um show lindo a platéia muito animada. Fizemos todo mundo gritar “Favela da Maré” e representamos nosso Rock em terras européias. Foi sensacional.
8-Quais as influencias da banda?
Nação Zumbi, Paralamas do Sucesso, Titãs, Elis Regina, Lenine, Radiohead, Queens of the Stone Age, Ramones, Nina Simone, Concha Buika, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Cordel do Fogo Encantado, Arnaldo Antunes, e muitos muitos outros!
9-Como a família reagiu ao saber que escolheram estar no mundo da música? Qual o momento que se descobriram artistas?
Acho que com todos nós foi desde muito cedo. Sempre estivemos inseridos na arte de alguma forma. Pra família é sempre preocupante, e concordamos que é muito complicado tornar a banda sustentável. Mas levamos com um maior carinho, existem barreiras a serem superadas mas damos sempre algum jeito de continuar.
10-As músicas são os integrantes que as compõe?
Sim.
11-Qual o maior sucesso da banda?
Achamos que é Nuvem Negra e Vão. Mas nunca sabemos qual música vai ser a mais cantada no show. É sempre uma surpresa.
12-Já teve alguma loucura de fã pra contar?
Que a gente lembre, não.
13-Qual sonho vocês ainda pretendem realizar em relação a banda?
O maior sonho agora é circular pelo Brasil, e também fora dele. Já lançamos nosso primeiro disco “Valente” que é uma grande realização e agora precisamos disseminá-lo por todos os canto possíveis.
14-Uma mensagem para pessoas que acompanham o trabalho de vocês?
Na verdade, acho que precisamos mais dessas pessoas do que elas de nós. Trazemos nossa verdade, nossas palavras, nosso jeito de se expressar com a música. E esperamos acordar algum sentimento dentro das pessoas. Se nossa música te fizer sentir mais vivo,então sabemos que estamos no caminho certo. Esperamos um 2017 de muitas trocas.